sexta-feira, 15 de julho de 2011

Professora negra vence processo de crime racial contra diretora de escola

A professora e pedagoga de Ciências Sociais, Neusa Maria de Marcondes (62) ganhou na justiça o processo de crime de racismo contra a diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental Benedito Calixto, Francisca Silvana Teixeira. A sentença saiu no dia 6 de julho em São Paulo.

A professora explicou que foi agredida verbalmente pela diretora por ser negra. “Ela [a diretora] me chamou em sua sala para eu assinar um documento, e disse dessa forma: `vem aqui assinar o documento, sua macaca´. Eu sou militante, sindicalizada e atuo no movimento negro (…), não podia de maneira nenhuma deixar que esse ato desrespeitoso passasse impune”, enfatizou.

Em março de 2009, a professora entrou com processo de crime racial contra a diretora e esperou sair a sentença para vir a público. Nesse período, muitos diziam para ela desistir, pois o processo não iria dar em nada e que desculpasse a diretora. Neusa não esmoreceu e prosseguiu com a iniciativa.

A diretora foi condenada a um ano de reclusão, pena reduzida para trabalhos na comunidade. “Infelizmente nesse país ninguém vai preso, mas eu vou continuar lutando contra a impunidade”.

Neusa disse que além do processo criminal, vai exigir uma posição da Coordenadoria de Educação de Itaquera (SP) e da Ouvidoria da Secretaria de Educação sobre o caso.

A professora espera que as pessoas tenham coragem de se rebelar contra qualquer tipo de preconceito.  “Quem sofre com a homofobia, racismo ou machismo, têm que reagir, não podemos sofrer calados, enquanto aceitarmos o preconceito não conseguiremos nada, precisamos lutar e não nos deixar diminuir”, desabafou.

Neusa informou que infelizmente existe o preconceito com os negros no Brasil, de maneira velada, mas existe.  “O que é ser negro no Brasil? É ser discriminado e subjugado. Nós precisamos ser fortes para superar tudo isso (…) temos que ser guerreiros e continuar lutando. Esse processo de crime racial que ganhei na justiça é uma vitória não só minha, mas de todo o movimento negro”, finalizou.

Profissionais da Educação acampam em frente à secretaria do Rio; greve continua em MG, RN e SC

No Rio, acampamento na Seeduc - Na terça-feira (12) os profissionais da Educação do Rio de Janeiro, em greve desde o dia 7 de junho, radicalizaram o movimento e acamparam em frente à Seeduc (Secretaria Estadual de Educação do Rio). A categoria chegou a ocupar o 5° andar prédio, exigindo uma audiência com um representante do governo. Após a pressão feita pelos manifestantes, o secretário da Educação, Wilson Risolia, e o secretário de Planejamento, Sergio Ruy, se reuniram com representantes do Sepe (Sindicato dos Professores Estaduais do Rio de Janeiro), porém não houve contraproposta salarial por parte do governo.

Uma nova audiência foi marcada para esta quinta-feira (14). Os trabalhadores da Educação decidiram permanecer em frente ao local até a realização desta reunião.

Confira o vídeo feito pelo Sepe sobre o acampamento: http://www.seperj.org.br/ver_video.php?cod_video=29

Greve longa em MG - Também em Minas Gerais os professores e funcionários das escolas estaduais estão em luta por melhores salários e condições de trabalho. Numa greve que já dura 37 dias.  Nesta quarta-feira (13) eles realizam uma assembleia estadual da categoria para definir os rumos do movimento.

Na terça-feira (12), mais de mil pessoas, entre profissionais da Educação, trabalhadores da saúde e estudantes secundaristas da Grande Belo Horizonte, realizaram manifestação na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte. Em outras regiões do estado também ocorreram manifestações, como em João Monlevade e Unaí.

O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), se mantém intransigente em atender as reivindicações da categoria, como o piso de R$ 1597, o fim do subsídio e a recomposição da carreira. Os trabalhadores em Educação exigem do governador a abertura de negociação imediata para que sejam resolvidas as questões levantadas pela categoria.

Piso nacional em SC - Nesta quarta-feira (13), os educadores de Santa Catarina, em greve desde o dia 8 de junho, que já conquistaram a legalidade do movimento, lotaram as galerias da Assembleia Legislativa do Estado. Eles são contra a aprovação do PLC (Projeto de Lei Completar) 026/2011 que, segundo a categoria, desfigura o nível e referência da tabela salarial do magistério e seria prejudicial ao Plano de Carreira.

Os trabalhadores reivindicam uma negociação com o governo para a discussão e elaboração de um projeto que contemple o piso da carreira com a manutenção de todos os direitos dos profissionais do magistério.

Contra tutela antecipada em RN – No Rio Grande do Norte, os trabalhadores em Educação, em greve desde o dia 28 de abril, lutam contra a tutela antecipada pelo governo do estado de ilegalidade da greve que será julgada nesta quarta-feira (13).

A greve dos professores já contabiliza 73 dias. É a maior paralisação da categoria nos últimos 11 anos. Diversas manifestações foram realizadas. Um ato unitário aconteceu no dia 6 de julho, em Natal, com a participação de cerca de 400 trabalhadores estaduais, que unificaram suas reivindicações e fizeram um acampamento em frente à sede do governo. Dentre as categorias que permanecem em greve naquele estado, estiveram presentes no protesto servidores da Educação, do Detran/RN, da Tributação e da Universidade Estadual, além de setores da administração indireta.

Solidariedade - A CSP-Conlutas manifesta seu apoio a todos (as) os (as) profissionais de Educação que se encontram em greve. Também faz um chamado a todas essas categorias a se unirem na Jornada de Lutas de Agosto, convocada pela Central juntamente com outras entidades, que defende entre outras medidas, uma educação pública e de qualidade.