quarta-feira, 7 de março de 2012

8 de março: dia de luta!

Oito de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Data um tanto festiva, com direito a discursos inflamados em prol da importância feminina e seus atributos modernos (a perfeita guerreira- mãe-esposa- amante-profissional),além das flores,perfumes e bombons,tão  tradicionais no período. Na tv , programas fazem suas homenagens exaltando a independência feminina e a beleza de ser mulher. Nas escolas, fotos de mulheres geralmente brancas e mães, com lindas frases de efeito ressaltando os papéis sociais tradicionais femininos são espalhadas em todos os cantos. No entanto, o que significa de fato o dia mundial da mulher?
Há mais de 100 anos comemora-se o dia internacional da mulher. A ideia da existência de um dia internacional da mulher surge na virada do século XX, no contexto da segunda Revolução Indústrial e da Primeira Guerra Mundial, período no qual ocorre a incorporação massiva da mão-de-obra feminina nas indústrias. As condições de trabalho, frequentemente insalubres e perigosas, eram motivo de frequentes protestos por parte das trabalhadoras.
No ano de 1910, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres, sendo ali aprovada a proposta da socialista alemã Clara Zetkin, de instituir um dia internacional da Mulher, no entanto sem nenhuma data específica. Pouco tempo depois, em 25 de Março de 1911, um incêndio numa indústria textil norte americana mataria 146 trabalhadores - a maioria costureiras. O número elevado de mortes foi atribuído às péssimas condições de segurança do edifício. Muitos autores acreditam que pela gravidade do acontecimento, esse episódio tenha se incorporado ao imaginário social coletivo, sendo esse episódio erroneamente considerado como a origem do Dia Internacional da Mulher.
Na Rússia, as comemorações do Dia Internacional da Mulher foram o estopim da Revolução de 1917, já que em 8 de março (23 de fevereiro pelo calendário juliano), a greve das operárias da indústria textil contra a fome, contra o czar Nicolau e contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial precipitou os acontecimentos que resultaram na Revolução de Fevereiro.
 Nos países ocidentais, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado durante as décadas de 1910 e 1920. No entanto, posteriormente, a data caiu no esquecimento e só foi recuperada pelo movimento feminista, já nos idos de 1960, sendo, afinal, adotado pelas Nações Unidas, em 1977.
 Porém, não é só pelo fato de hoje termos uma mulher como presidente da república ou em vários outros cargos de poder, que devemos acreditar que o machismo acabou e que conseguimos a igualdade. Dilma até agora jogou uma pá de cal em várias bandeiras históricas do movimento feminista brasileiro por conta das alianças esdrúxulas de seu partido, o PT.
E embora muitas conquistas tivemos nesses mais de cem anos de comemoração da data,não podemos nos esquecer que a sociedade patriarcal e seu machismo ainda matam,discriminam,oprimem muitas mulheres cotidianamente,principalmente as mulheres trabalhadoras.
O capitalismo possibilita uma igualdade formal de direitos jurídicos e democráticos, no entanto o fato de termos que conviver (ou sobreviver) com uma dupla ou tripla jornada de trabalho, ganhando 70% do salário de um homem, não termos direito de escolha em relação ao nosso próprio corpo, ouvir no noticiário que 12 mulheres por dia são mortas e que a cada 12 segundos uma é agredida e na maioria das vezes pelo próprio companheiro são bons exemplos de que ainda estamos longe de alcançarmos a igualdade e independência que tanto almejamos.
 O dia internacional da mulher é, portanto, um dia de luta que não pode ser esquecido ou apagado da história. Devemos lutar para que nossas diferenças biológicas sejam respeitadas de fato e não sirvam de pretexto para nos subordinar e nos inferiorizar. E essa luta não é apenas uma luta das mulheres, mas uma luta conjunta de toda classe trabalhadora! Somente juntos, nós mulheres trabalhadoras, seremos vitoriosos na luta por dias melhores, na luta de uma sociedade de fato igualitária, uma sociedade socialista.

* Paula é professora de sociologia dos colégios CEEBJA e Lisboa, em Sarandi/PR e militante do Movimento Mulheres em Luta da  CSP/Conlutas