segunda-feira, 18 de julho de 2011

Profissionais em Educação do Rio, MG e RN continuam em greve; paralisação é suspensa em SC

Assembleia decide manter acampamento na Seeduc-  Em assembleia realizada na útima sexta-feira (15), com a participação de mais de 1.500  pessoas, os profissionais em Educação do Rio de Janeiro, decidiram pela continuidade da greve e por manter o acampamento  em frente à Seeduc (Secretaria Estadual de Educação do Rio). O acampamento teve início na ultima terça-feira (12) e a expectativa é de que continue até o final de julho.

Uma nova assembleia será realizada no dia 3 de agosto. Até lá, os educadores continuam mobilizados.

MG sem atendimento de reivindicação –  Nesta segunda-feira (18) o comando de greve dos profissionais da Educação se reuniu com o governo, porém não houve avanços nas negociações. As mobilizações  seguirão firmes e, mesmo com o recesso, os profissionais prometem realizar uma verdadeira caça ao governador Anastasia, e farão manifestações nos locais onde ele estiver, para que suas  reivinidicações sejam atendidas.

Na ultima terça-feira (12), mais de mil pessoas, entre profissionais da Educação, trabalhadores da saúde e estudantes secundaristas de Grande Belo Horizonte realizaram mobilizações na Cidade Administrativa, na capital.  Alguns educadores que faziam  uma manifestação na rodovia MG 10 foram fortemente reprimidos pela polícia, que utilizou gás de pimenta contra os manifestantes. Este fato não abalou os ânimos dos educadores, que continuam firmes em sua luta.

Ameaça de demissão não abala greve em RN – Os educadores do Rio Grande do Norte estão enfrentando duros ataques do governo. O Ministério Público, após decisão judicial, recomendou o governo do Estado a abrir processo administrativo para demissão dos grevistas.

Mesmo após esse golpe, os trabalhadores da rede pública estadual de ensino, numa decisão corajosa, em assembleia realizada na ultima quinta-feira (14), decidiram continuar a greve, mesmo sob as ameaças dos poderes executivo e judiciário.

A disposição dos educadores de RN em lutar por melhores condições de trabalho e salário  permanece inabalável.

Greve é suspensa em SC, mas luta continua – A paralisação em Santa Catarina foi suspensa, mas o estado de greve continua. A decisão foi tomada em assembleia realizada nesta segunda-feira (18).

Os profissionais de Educação continuarão mobilizados pela elaboração de um projeto que contemple o piso de carreira com a manutenção de todos os direitos dos profissionais do magistério, e continuam lutando contra o PLC (Projeto de Lei Completar) 026/2011  que desfigura o nível e referência da tabela salarial, aprovado na última quinta-feira (13) na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.

Solidariedade - A CSP-Conlutas se solidariza com as greves em curso pelo país e continua apoiando a todos (as) os (as) profissionais de Educação em luta.

Força e coragem para lutar pela escola pública!

do blog da professora Amanda Gurgel



No dia 13 de julho, como se vivêssemos uma novela, cujo início, meio e fim tod@s já conhecessem, foi divulgada a decisão judicial que determinava aos professores (as) grevistas da educação estadual do RN o retorno imediato à sala de aula. Com base na decisão, a Secretaria de Educação se desarvorou a publicar um calendário de reposição das aulas nos jornais locais. Um esforço em vão, já que a decisão unânime da assembleia d@s trabalhadores (as) em educação, no dia 14, foi de manter a greve.

Após tal decisão, Rosalba Ciarlini (DEM), governadora do RN, que até então vinha se comportando com a arrogância típica de uma rainha que não desce do trono para se dirigir aos súditos, resolveu dar as caras pela primeira vez, após quase 80 dias de greve, para dizer que sofreríamos corte de ponto, processo administrativo, exoneração, substituição, etc e tal, demonstrando o seu desespero e agonia diante da desobediência e atrevimento d@s súdit@s.

É, Rosalba, sinto informá-la, mas a luta de classes tem dessas coisas... chega uma hora em que a parte mais fraca cansa de apanhar e acaba descobrindo que, na verdade, é a parte mais forte, porque é a maioria. Acaba descobrindo que passou uma vida inteira de privações e sofrimento, enquanto @s responsáveis pela sua pobreza gozavam uma vida regada a bebidas caras e toda sorte de esbanjamentos. Chega uma hora em que a gente entende que a obediência nem sempre é a melhor opção. Entende que a lei não existe para defender, mas sempre para punir os oprimidos.

Naquela assembleia do dia 14 de julho, apenas repetimos o que Rosalba se recusava a ouvir: nós estamos dispost@s a mudar o final dessa novela em que a vilã sempre leva a melhor. E se ela resolveu apelar para o supra-sumo dos três poderes, tivemos que dizer também para ele: não acreditamos mais que a justiça seja justa. Reveja suas posições.

O julgamento de ilegalidade da nossa greve foi dado com base em um argumento classificado como “social”. Segundo a justiça, @s alun@s que vão fazer vestibular não podem ficar prejudicad@s. Alegou, ainda, o risco “iminente e irreparável” de perda do ano letivo.

Em primeiro lugar, é necessário enfatizar a grande demagogia existente nessa alegação judicial. Convenhamos, em que momento o poder judiciário brasileiro esteve preocupado com problemas sociais? E se está tão preocupado assim por que não trata logo de obrigar os governos a cumprirem a LEI DO PISO NACIONAL, por exemplo, ou de expropriar os bens de Palocci, convertendo seus R$ 20 milhões em algo que gere trabalho e renda para os pobres do nosso país? E nem me venham com explicações sobre as instâncias e as varas, e dizer que uma coisa não tem a ver com a outra, que estamos falando da Federação e do Estado e blá blá blá. Eu não estou falando disso! Estou falando da essência desse poder que consegue incorporar, com “requintes de crueldade”, o caráter de classe da nossa sociedade.

Falar em prejuízo d@ vestibuland@ de baixa renda a essa altura do campeonato? Faça-me o favor! Quantas vezes 1% que seja d@s noss@s alun@s entraram em alguma universidade pública? Quantas vezes algum (a) juiz (a) ou algum (a) promotor (a) se ocupou em dizer a qualquer governador (a) que é ilegal se utilizar da necessidade material de profissionais e estudantes que se submetem a contratos e estágios firmados ao final do ano letivo, aprovando alun@s que passaram um ano inteiro sem aulas, garantindo as condições burocráticas para inscrição deles (as) no vestibular? A resposta é: NUNCA! E esse mesmo poder vem agora nos falar de prejuízo aos noss@s alun@s? Vem dizer que somos ilegais justamente por estarmos denunciando esses problemas e lutando pelo direito inalienável deles (as) a uma educação de base e uma universidade pública de qualidade? Essa é uma piada de muitíssimo mau gosto!

Não é possível que, sendo a maioria, aceitemos passivamente permanecer sob o jugo de três poderes que estão freqüente e articuladamente envolvidos em escandalosos casos de corrupção. Que conseguem através de sórdidas maracutaias, cuja engrenagem nós não somos capazes nem mesmo de imaginar, conferir prejuízos financeiros irreparáveis aos cofres públicos, sem nunca serem condenados, exatamente por serem eles (as) mesm@s @s responsáveis pelos próprios julgamentos.
A nossa decisão foi absolutamente acertada. E, por isso, estou – como nunca estive – muitíssimo orgulhosa da minha categoria. Não podemos esperar que alguém que nunca pisou no chão de uma escola possa compreender as nossas razões e o caráter urgente da necessidade de melhoria das nossas condições de vida e trabalho. Essa luta é nossa e de toda a população. Portanto, cabe somente a nós o poder de decidir quando ela começa e quando é suspensa.

Digo aos meus colegas que essa é a nossa hora e que não podemos perder o bonde da história, desperdiçando uma oportunidade ímpar de escrevermos um capítulo inédito dela! Força! Coragem! Não nos preocupemos com riscos “iminentes e irreparáveis” no campo da burocracia. Nos preocupemos sim, com o risco iminente e irreparável da perda do que sobrou da nossa dignidade, que foi sorrateiramente amputada governo após governo, e que hoje é definitivamente soterrada por Rosalba. Retomemos o diálogo com os pais, as mães e @s alun@s sobre a legitimidade da greve e desconstruamos o discurso do prejuízo nesse período opondo-o à realidade do prejuízo distribuído em 200 dias letivos de precariedade e exploração! Não vacilemos em dizer que a responsabilidade pelo caos na educação é tão somente de Rosalba, e não nossa, pois somos tão vítimas quanto @s alun@s.

Exigimos que a governadora faça como fez com todas as outras categorias que estavam em greve: atenda às nossas reivindicações para que possamos finalmente retornar ao trabalho. É somente em nome da educação pública que reafirmamos a nossa posição, pois não há motivo para desistência enquanto há disposição para uma luta justa!