terça-feira, 19 de junho de 2012

Tropas da Minustah invadem Faculdade de Ciências Humanas

A Faculdade de Ciências Humanas (FASCH), símbolo de resistência estudantil à opressão nos últimos anos, no Haiti, foi alvo na última sexta-feira (15), de momentos de tensão.  Os soldados da Minustah (Missão de Estabilização da ONU), conhecidos como “capacetes azuis”, invadiram a instituição, provocaram cenas de pânico e ainda feriram várias pessoas. Os alunos foram vítimas de agressões físicas e tiveram que fugir das balas de borracha lançadas pelos soldados.

Os para-brisas de pelo menos dois veículos também foram quebrados.

Denunciada na imprensa como uma verdadeira provocação, após o alerta do reitor da Universidade Estadual, o coordenador de FASCH, Hancy Pierre, ter declarado que a invasão militar interrompeu uma reunião conjunta que se realizava naquele momento.

Estudantes e professores foram surpreendidos quando centenas de agentes mascarados do batalhão brasileiro  entraram na Faculdade sob pretexto de tentar recuperar uma granada lançada, mas que não chegou a explodir.

Vários alunos denunciaram os fatos à Rádio Kiskeya, exigindo das autoridades a saída imediata das forças de ocupação e acusando a ONU de ser particularmente responsável pela epidemia mortal de cólera no país.

A Minustah ainda não tinha respondido até esta noite (domingo, 17 de junho) sobre o ataque injustificado e a invasão do espaço universitário, considerado totalmente inviolável pela Constituição do país.

Presente no Haiti desde 2004, as forças da ONU têm cerca de 10.000 soldados e policiais de diversos países, sob o comando brasileiro.

 Comunicado da Rádio Kiskeia, enviado por Batay Ouvriye

Já passa de 50 o número de Instituições Federais de Ensino em greve

A greve nas instituições federais de ensino cresce a cada dia, com mais professores e estudantes aderindo à mobilização. As últimas instituições a paralisarem suas atividades foram a Universidade Federal do ABC, a Universidade de Integração Latino Americana e o Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro. No total, já são 51 instituições federais em greve (veja aqui o quadro mais atualizado).

Diariamente, chegam ao Comando Nacional de Greve moções de apoio à mobilização. A Associação dos Geógrafos Brasileiros encaminhou uma nota em que manifesta seu apoio à greve, “realizada por melhores condições de trabalho, o que implica na crítica ao sobretrabalho, que precariza o próprio desempenho profissional e o alcance dos resultados que a Universidade deve construir para a sociedade e junto com a sociedade.”

Nesta semana, o Conselho Universitário da Universidade Federal Rural de Pernambuco aprovou uma nota reconhecendo a greve dos docentes e manifestando-se “pela necessidade de diálogo e negociação efetiva entre o Governo Federal e as representações sindicais, visando à valorização dos servidores das Ifes”. Destaca ainda, o papel fundamental das Universidades Federais na promoção de um ensino superior público, gratuito e de qualidade, da pesquisa e da extensão, e que para “a consecução plena de nosso papel, é de extrema importância a valorização de seus servidores, docentes e técnico-administrativos, bem como de seus estudantes.”

Reunidos nesta terça-feira (5) em assembleia convocada pela Comissão de Mobilização, professores e estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina manifestaram apoio e solidariedade à greve nacional dos professores da Ifes. “Reivindicamo-nos parte desta luta e estamos buscando a ampliação da mobilização e união da comunidade acadêmica na UFSC para engrossar este vigoroso movimento”, afirma a nota.

O Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação (Moclate) também manifestou apoio à greve dos docentes das federais. Para o Moclate, “o sucateamento e a precarização das instituições públicas de ensino, desde a educação básica, é parte da essência do que são as políticas deste velho Estado e o seu sistema de poder, das classes parasitárias e o seu sistema de governo sob o gerenciamento do oportunismo.

O texto critica, ainda, as “reformas educacionais” ditadas pelo Banco Mundial, tais como “PCNs” e “Diretrizes Curriculares“ (gerência FHC), “Prouni” e “Reuni” (gerência Luiz Inácio), só servem para impor uma educação domesticadora, servindo aos interesses do capital monopolista, da dominação imperialista do nosso país.”

Para o Moclate, o Reuni exigiu uma expansão irresponsável sem aplicação de investimentos para salas de aula, laboratórios, acervo bibliográfico, pesquisa e extensão e, ao mesmo tempo, “intensificou seu nefasto plano de precarização do trabalho docente com a contratação de professores temporários em número insuficiente para atender os novos cursos.”


Fonte: ANDES-SN

Governo cancela novamente reunião com professores federais em greve

Mesmo após ter se comprometido em apresentar nesta semana uma proposta para a reestruturação da carreira dos professores federais, o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, entrou em contato, por telefone, com a presidente do ANDES-SN, Marina Barbosa, na manhã desta segunda-feira (18) para cancelar a reunião agendada para amanhã, 19.

O encontro desta terça-feira (19) foi marcado durante a última reunião entre o ANDES-SN, representantes do governo e de demais setores da educação, ocorrida no dia 12.

O secretário da SRT/MP argumentou que não houve condições de organizar uma reunião com toda a equipe do governo para que fossem discutidas as propostas e seus impactos financeiros para 2013.

Ainda acrescentou que, em função da Rio+20, há dificuldade de reunir, nesta semana, os representantes de diferentes esferas do governo como, por exemplo, o Ministério da Fazenda.

Mendonça terminou dizendo que a reunião deve ocorrer na próxima semana, mas ainda não era possível indicar uma data.

A presidente do ANDES-SN solicitou que a suspensão da reunião, determinada pelo governo, fosse oficializada ao Sindicato Nacional por escrito (veja aqui). Marina argumentou que tal atitude irá gerar uma reação na base porque “mais uma vez o governo não cumpre os prazos por ele mesmo anunciados”.

“A reunião do Comando Nacional de Greve irá avaliar o quadro e definir seus passos nacionais. Aguardamos agora a convocação para a próxima reunião. A responsabilidade está com o governo”, acrescentou.


O CNG realizará um ato amanhã, a partir das 9 horas, em frente ao anexo C do Ministério do Planejamento. As atividades de vigília, já indicadas pela base para acontecer amanhã, durante a reunião, por todo o país, serão transformadas em manifestações de protesto dos professores em greve, contra mais um descumprimento de prazo por parte do governo.

Fonte: ANDES-SN