terça-feira, 31 de maio de 2011

Código da impunidade: três lideranças assassinadas no Pará, uma em Rondônia

Em menos de uma semana da aprovação na Câmara dos Deputados do “Novo Código Florestal” subiu para quatro o número de mortes de militantes que lutavam contra o desmatamento provocado por madeireiros e latifundiários. Desta vez, a vítima foi o agricultor Adelino Ramos, 56, conhecido como Dinho, e um dos sobreviventes do Massacre de Corumbiara, ocorrido em 1995, que resultou na morte de 11 camponeses e 1 criança. Dinho vivia no Assentamento Agroflorestal Curuquetê, localizado em Lábrea, no Amazonas, divisa com Rondônia e Acre.

O agricultor sempre lutou pela preservação do meio-ambiente e pela reforma agrária e vivia na mira dos madeireiros, ávidos por devastar as florestas, e dos latifundiários, responsáveis pela agroindústria e monopólio das terras . Na última sexta-feira (26), Dinho não conseguiu espaçar da mira dos que o ameaçavam constantemente de morte.

Por razões similares, na terça-feira (24), mesmo dia  em que estava sendo votado na Câmara o Novo Código Florestal, o casal José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, foram cruelmente assassinados. Os dois eram ameaçados de morte por latifundiários, pois lutavam contra extração ilegal de madeira.  Os militantes eram assentados do Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, em Nova Ipixuna (PA) e viviam de forma sustentável no lote de aproximadamente 20 hectares, onde 80% era de floresta preservada. Sobreviviam do extrativismo de óleos, castanhas e frutos de plantas nativas.

No sábado (28) o integrante do mesmo assentamento, Herenilton Pereira dos Santos,25,  foi encontrado morto a 7 km do local onde o casal havia sido assassinado. Segundo informações da Comissão Pastoral da Terra de Marabá, Herenilton teria visto dois motoqueiros no dia anterior, que seriam os possíveis responsáveis pela execução de José Cláudio e Maria do Espírito Santo.

Adelino Ramos, Cláudio Ribeiro da Silva,  Maria do Espírito Santo da Silva e Herenilton Pereira dos Santos pagaram com a vida a falta de políticas de preservação do meio-ambiente por parte do governo que, ao invés de impor medidas mais efetivas contra o desmatamento, vai na contramão e quer flexibilizar o Código Florestal.

O Governo Dilma também é responsável por essas mortes. O Novo Código Florestal aprovado na Câmara dos Deputados permite aos latifundiários “anistia” pelas terras que desmataram até 2008, permite que madeireiros continuem devastando áreas de preservação permanente, ou seja, dá mais poder para que os assassinos de Adelino, Cláudio, Maria e Herenilton continuem devastando  a floresta sem punição.

No Congresso, quem está vencendo essa batalha é a bancada ruralista  e os madeireiros que, por meio de seus pistoleiros, continuam tirando a vida de quem se atreve a enfrentá-los.

Não podemos permitir que o código em vigor, seja flexibilizado, pois se isso ocorrer, os grandes proprietários de terras, terão mais flexibilidade para matar e continuar impune.  É preciso unir forças, lutar e resistir contra todos esses ataques.

A CSP-Conlutas convoca a todos os trabalhadores, do campo e da cidade,  do  movimento popular e estudantil a se mobilizarem contra o Novo Código Florestal. Agora o projeto vai para o Senado, é necessário ampliar as mobilizações contra esse ataque ao meio-ambiente, proteger quem luta para defendê-lo e lutar contra a impunidade.

Exigimos punição imediata para os mandantes e assassinos de Adelino, Cláudio, Maria do Espírito Santo e Herenilton!

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