A greve dos professores de Santa Catarina, aprovada em assembléia com cerca de 10 mil trabalhadores em educação, entrou na terceira semana e conta com 90% de adesão da categoria. A maior mobilização desde 1987 vem ganhando força e apoio da população e de diretores de escolas que estão aderindo à greve.
Do outro lado da trincheira está o governador Raimundo Colombo (PSD), base do governo Dilma. Ele, de forma autoritária, editou uma Medida Provisória que achataria a tabela salarial, para tentar dividir a categoria. O que foi visto como uma afronta ao magistério. Com a MP de Colombo, a carreira seria destruída, os professores que têm graduação ou pós-graduação não ganhariam nenhum centavo a mais por isso. Os professores chegaram a fazer um cortejo fúnebre do Plano de Carreira, pelas ruas do centro de Florianópolis.
Depois da apresentação dessa proposta rebaixada na semana passada, os professores ganharam mais fôlego para continuar na luta, com atos diários e criativos como a queima dos diplomas e enterro da carreira as mobilizações crescem.
Apoio
A presença da professora Amanda Gurgel, fenômeno nacional, que tem emprestado sua voz para debater as condições humilhantes dos trabalhadores em educação no Brasil, contou com 2 mil professores que debateram e reafirmaram o entendimento de que essa é uma luta nacional.
Amanda esteve em Santa Catarina na segunda-feira, dia 30, e falou para os 2 mil professores reunidos na Praça Ivo Campos, em frente à Assembléia Estadual de Santa Catarina. Ela fez um discurso e ainda respondeu a diversas perguntas feitas pelos grevistas.
A professora do Rio Grande do Norte ainda deu entrevistas para jornais locais, para a Rádio Band e jornais da RBS e Record. EM entrevista ao jornal Diário de Notícias, da Record, Amanda afirmou: “O custo de vida aqui é muito alto e eu nunca imaginaria que muitos deles ganham ainda menos do que ganhamos no RN. Mas me sinto muito orgulhosa por ver a mobilização que está sendo feita aqui. O governador deveria respeitar isso”, afirma ela.
Próximos passos
A tentativa do governador foi apelar ao governo federal, que não manifestou nenhuma ajuda para solucionar o impasse. Ao mesmo tempo em que os governos estadual e federal dizem não ter orçamento para pagar o Piso Salarial previsto por lei. No entanto, R$ 4,2 bilhões são dados aos grandes empresários como isenção fiscal para importações. Esse valor daria para pagar o piso salarial para todos os professores, em todos os níveis da carreira, por quatro anos. O que temos em Santa Catarina e no Brasil é a prioridade para os empresários em relação aos professores, priorizando os grandes lucros de poucos ao invés de uma educação de qualidade que valorize os trabalhadores.
A vitória dessa semana foi a conquista de uma mesa de negociação com o governador. A categoria vai decidir em uma assembléia estadual nos próximos dias os rumos da greve. Enquanto isso, nos manteremos na luta para, além do piso, garantir toda a pauta da greve que vai desde eleição direta para diretores, concurso público até a bandeira dos 10% do PIB para a educação.
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